terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Mulher é poesia. Homem é prosa - Arnaldo Jabor.

As mulheres tem uma queda pelo canalha. O canalha é mais amado que o bonzinho. Sei que muita gente deve estar me criticando por esta teoria, mas é explicável: ela sofre com o canalha, mas isso a justifica, a engrandece, pois ela tem uma missão amorosa; quer que o homem a entenda, pena que isso está fora do alcance dos homens. A mulher compõe quadros mentais que se montam em um conjunto simbólico misterioso, como a arte. O homem quer principio, meio e fim.

Mulher não tem critério; pode amar a vida toda um vagabundo que não merece ou deixar de amar instantaneamente um sujeito devoto. É terrível quando a mulher cessa de te amar, você vira também uma mulher abandonada.

Toda mulher, para ser amada, instila medo no coração do homem. Carinhosas, mas com perigo no ar. A carinhosa total entedia os machos...ficam claustrofóbicos. O homem só ama profundamente no ciúme. Só o corno conhece o verdadeiro amor. Mas, curioso, a mulher nunca é corna, mesmo abandonada, humilhada, nunca é corna. O homem corneado, carente, é feio de ver. A mulher enganada tem ares de heroína, quase uma santidade. Mas nunca corna. O homem corno é um palhaço. Ninguém tem pena do corno. O ridículo do corno é que ele achava que a possuía. A mulher sabe que não tem nada, ela sabe que é um processo de manutenção permanente.

A mulher quer ser possuída, mas não só no sexo, tipo “me come todinha”. Falam isso no motel, para nos animar. O homem é pornográfico, a mulher é amorosa. A pornografia é só para homens. A mulher quer ser possuída em sua geografia mutante, a mulher quer ser descoberta pelo homem para ela se conhecer. Ela é uma paisagem que quer ser decifrada pelas mãos e bocas dos exploradores. As mulheres não sabem o que querem; o homem acha que sabe. A mulher deseja o impossível, e desejar o impossível é sua grande beleza. O amor exige coragem. E o homem...é mais covarde. O homem, quando conquista, acha que não tem mais de se esforçar e aí, dança...

ME LEVANTEI


Seguia de cabeça erguida,
Não olhava o que me rodeava.
Seguia o caminho que me indicaram, não questionei, nem recusei.
Caminhei como uma boa menina, fui pela estrada que mandaram,
Com os olhos bem erguidos,
Nada importava, apenas o caminho que tinha de seguir
Mas...
Estava lá uma pedra,
E eu não a vi
Tropecei,
Cai,
Ninguém me falou da pedra,
Ninguém me disse que ia cair...

Estava caída num caminho desconhecido,
Uma pedra me fez cair.

Não sabia como levantar
Mas sabia que ali não deveria ficar,
Olhei em minha volta, e foi a primeira vez que consegui ver o mundo,
Revelou-se para mim, eu não o conhecia.
Observei bem para ver como era o mundo,
Comecei a sorrir, ainda deitada no caminho desconhecido, eu sorri, com vontade
E o meu corpo ganhou forma,
Levantei-me, forte, decidida,
Olhei para o caminho que ficou para trás, olhei a pedra,
Olhei em frente
Fiquei parada...
Num impulso peguei a pedra e andei,
Saí para fora do caminho
Segui por onde a vista não alcançava o fim,
Muitas pedras me apareceram
Em muitas caí, de outras desviei
Mas carrego sempre comigo
Aquela primeira pedra em que tropecei...